Sobre Joãos e Hermilas
Minha recém-adquirida falta de crença nas pessoas até que está me servindo bem. Por achar tudo um saco, um exagero e de uma mediocridade gritante, por alguma razão certas coisas banais me saltam aos olhos. Afasto o que me parece pretensioso e dou atenção ao simples.Depois de ver recentemente e super atrasada o Céu de Suely, de Karin Äinouz, reparei o quanto as interpretações simplórias me conquistam. Confesso, não gostei do filme, ele cumpre seu papel, mas não é um expoente. O engraçado foi ter achado dois exemplos tão opostos e por isso tão perfeitos da simplicidade que aprendi a admirar.
A protagonista Hermila Guedes é perfeita pro papel. Traz o frescor de quem ainda é tábua sem forma, prontinha para ser "moldada". Mas é só. Quando a vi de novo, no papel de Elis Regina, no especial da Globo, me dei conta de que ela é uma daquelas atrizes ótimas de um papel só: o dela mesma. Ou seja, Hermila só sabe ser Hermila. Não a peça para ser Elis, Maria, Patrícia...não dá. Não é de se espantar que o diretor também tenha sacado.

E olha só: ambos são atores de teatro, com experiência em cinema e alguma coisinha em tv. Mas um só é bom sendo ele mesmo e o outro é bom sendo quem ele quiser ser. E não é preciso mudar cabelo, roupa, música... Isso me inspira. No Teatro Insano, estamos trabalhando num projeto novo e acho que este é um caminho que gostaria de seguir. Poucos objetos em cena, pouca pirotecnia, muito mais por dentro.
O simples é sincero. Quero me manter no palpável.
Atenção para Rifa-me, o curta que deu origem ao longa faz parte dos extras do DVD
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