sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Ensaiando o Ensaio

Todas as noites, sonho que sou a moça do livro do Saramago. Guio o meu marido e mais três integrantes do Teatro Insano pelos escuros corredores do manicômio em que fomos encarcerados. E, no personagem que encarno nestes sonhos, mora um medo constante de cegar assim que abrir os olhos. "Mergulhar no branco leitosa da vista", diz Saramago. Desde que comecei a ler O Ensaio sobre a Cegueira, desperto todos os dias ansiosa por enxergar o teto do meu quarto e comprovar que ainda vejo.

Maluquices à parte, isso nos prova duas coisas: 1) Saramago é atemporal e tão tão bacana, que não precisa de pontuação para contar uma das histórias mais cheias de significado que já li. Não é à toa que é um "crássico"! Só não morro de medo do filme Blindness, inspirado na obra, porque confio nas mãos competentes de Fernando Meirelles e na atuação de Mark Ruffalo. Essa semana descobri que dois personagens legais do livro são japoneses no filme e li a descrição de uma cena que me parece linda. Ansiosa....tomara que não seja bomba como foi O Amor nos Tempos do cólera, minha mais recente decepção.

Enfim, não terminei ainda de ler, mas estou devorando o Ensaio e lambendo os dedos.

Ah, é! Já ia me esquecendo.... 2) sou altamente impressionável e preciso parar de ler antes de dormir.

Dentes

Não é uma comédia. É um terror. Porque a garota tem dentes... Só que lá em baixo, sabe? E isso pode soar como comédia para uma mulher. Mas definitivamente soa como puro terror para qualquer homem. Abaixo o trailer do independente Teeth, nem que só pela curiosidade mórbida.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Turno da Manhã

+ Senhoras e senhores, o Coringa.

+ Ótima programação. TCM vai exibir os 50 filmes que você tem que ver antes de morrer.

+ clipe novo do White Stripes. Jack de toureiro sentimental.

+ Cleópatra ganha o Festival de Brasília. Vaia neles!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Téo e a Gaivota

Pra você, que estava se perguntando como Marcelo Camelo está aproveitando o período de férias do Los Hermanos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Conversa paralela

Esse povo do TI, sempre modesto. Mas alguém tem que fazer o trabalho sujo. Temos dois orgulhosos intergrantes do Teatro Insano apresentando trabalhos paralelos em São Paulo. Nosso diretor Marcos Lemes e o ator Valmir Junior estão participando da pequena mostra dos espetáculos de Cleiton Pereira (cara nota 10) no Satyros.

Marcus estrela Frankenstein, monólogo com texto e direção do Cleiton baseado naquela obra que você já imagina. O espetáculo é muito bom, e, segundo fontes minhas, passou por drásticas modificações para esta temporada. Cada vez mais se embrulhado em realismo.

Já o Valmir está no elenco de Ausência, uma montagem sobre a qual muito ouvi falar, mas pouco sei. Sinopse? "Ausência de expectativas para quem vive em banheiros ou estão em coma no hospital". Vai saber.

É o seguinte:

Ausência
Terças e quartas de novembro, às 22h30
R$ 15,00
80 lugares
80 minutos

Frankenstein
Quartas-feiras de novembro, à meia-noite
R$15,00
80 lugares
60 minutos

Ambos no Espaço dos Satyros Um, Praça Roosevelt, 214.

domingo, 4 de novembro de 2007

Meu nome é Gael

Ultimamente, eu tenho sido bem crítico em relação à sociedade em que vivemos. A brasileira mesmo. E isso se atenuou quando viajei a Brasília e vi a cidade decrépita que é a capital de nossa federação. O que me pôs a refletir sobre muita coisa e, a posteriori, a estender isso para o mundo das Artes.

Sejamos francos, quando um diretor como Hector Babenco, que fez bombas como Carandiru e outras e não faz mais filmes bons há anos (O Passado, seu último longa, é um desfile de equívocos com pequenos momentos de acerto; vale pela interpretação de Analía Couceyro), diz que "Não há ator brasileiro como Gael", dá um nojo e uma vontade de dizer: "Babenco, querido, uma palavra: senilidade".

O estado em que se encontra o mundo dos atores no Brasil é uma lástima. Num país como a Alemanha, segundo Rodolfo García Vásquez, em seu blog, o teatro é tratado como rei, rainha, máximo, supra-sumo. Novamente, franqueza seja dita, o teatro nesta república de canarinhos não vale um centavo. O povo (não distingo classes neste post) não quer ir ao teatro. Essa é a verdade.

Quem vai ao teatro hoje é quem, no mínimo, herdou o costume de alguém e o passou adiante com muita dedicação. Isso se vê claramente no seguinte exemplo: pais de colegas de cena só querem assistir aos filhos porque, obviamente, são seus filhos no palco. Meu tio, por exemplo, não me assistiu quando estreiei Amores Dissecados, mas na estréia de sua filha, ele estava lá. Não me ressinto por isso, pelo contrário, mas vale como argumento.

Quero dizer, não se trata de ser uma coisa de classe econômica. Não é o povo sem dinheiro que não quer ir ao teatro. São os brasileiros em geral. O que lhes chama a atenção é se a produção é cara, se tem ares americanizados (leia-se musicais), se tem famosos, se tem bastante coisa acontecendo em cena e se dá pra entender sem muito esforço. Ponto.

Agora, por quê? Herança histórica? Imbecilização endêmica? Ou adquirida? Manipulação do Estado? Falta de política governamental? Infra-estrutura? Falta de interesse? Tudo isso, e mais um pouco, com quase 100% de certeza.

Então, mais uma pergunta é: somos nós, responsáveis pelo Teatro de agora, quem devemos mudar isso encaixando o teatro nos moldes e gostos de quem assiste? Ou devemos perpetuamente lutar pela Arte em que acreditamos?

Não encontro resposta.