domingo, 4 de novembro de 2007

Meu nome é Gael

Ultimamente, eu tenho sido bem crítico em relação à sociedade em que vivemos. A brasileira mesmo. E isso se atenuou quando viajei a Brasília e vi a cidade decrépita que é a capital de nossa federação. O que me pôs a refletir sobre muita coisa e, a posteriori, a estender isso para o mundo das Artes.

Sejamos francos, quando um diretor como Hector Babenco, que fez bombas como Carandiru e outras e não faz mais filmes bons há anos (O Passado, seu último longa, é um desfile de equívocos com pequenos momentos de acerto; vale pela interpretação de Analía Couceyro), diz que "Não há ator brasileiro como Gael", dá um nojo e uma vontade de dizer: "Babenco, querido, uma palavra: senilidade".

O estado em que se encontra o mundo dos atores no Brasil é uma lástima. Num país como a Alemanha, segundo Rodolfo García Vásquez, em seu blog, o teatro é tratado como rei, rainha, máximo, supra-sumo. Novamente, franqueza seja dita, o teatro nesta república de canarinhos não vale um centavo. O povo (não distingo classes neste post) não quer ir ao teatro. Essa é a verdade.

Quem vai ao teatro hoje é quem, no mínimo, herdou o costume de alguém e o passou adiante com muita dedicação. Isso se vê claramente no seguinte exemplo: pais de colegas de cena só querem assistir aos filhos porque, obviamente, são seus filhos no palco. Meu tio, por exemplo, não me assistiu quando estreiei Amores Dissecados, mas na estréia de sua filha, ele estava lá. Não me ressinto por isso, pelo contrário, mas vale como argumento.

Quero dizer, não se trata de ser uma coisa de classe econômica. Não é o povo sem dinheiro que não quer ir ao teatro. São os brasileiros em geral. O que lhes chama a atenção é se a produção é cara, se tem ares americanizados (leia-se musicais), se tem famosos, se tem bastante coisa acontecendo em cena e se dá pra entender sem muito esforço. Ponto.

Agora, por quê? Herança histórica? Imbecilização endêmica? Ou adquirida? Manipulação do Estado? Falta de política governamental? Infra-estrutura? Falta de interesse? Tudo isso, e mais um pouco, com quase 100% de certeza.

Então, mais uma pergunta é: somos nós, responsáveis pelo Teatro de agora, quem devemos mudar isso encaixando o teatro nos moldes e gostos de quem assiste? Ou devemos perpetuamente lutar pela Arte em que acreditamos?

Não encontro resposta.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma vez um amigo comentou comigo que ouviu alguém de teatro dizer - As vezes nem a plateia tem talento. Tenho muito isso em mente quando penso em várias maneiras e tipos teatrais somado a suas platéias, que tenho encontrado desde quando me interessei por teatro há alguns anos . Discuti-se tanto sobre a basa do artista e sobre a sua formação, mas o que está de igual valor de importância é a base e a formação de quem se dispôe a ir ao teatro ou tem um mínimo de interesse por essa arte. Ao final do espetáculo o que permeia alguns comentários é - Adorei a peça e olha que eu odeio Teatro...