terça-feira, 8 de maio de 2007

Homem-Aranha 3

Eu assisti. Gostei. Pra caramba. As cenas de ação, impecáveis. A edição, super. Efeitos especiais, 10 (11, 12 até). Trilha sonora boa. Roteiro com uma premissa interessante. Aí começam as falhas.

O que poderia ser uma super história de um super herói, dá lugar a uma história com buracos. Alguns grandes, viu? Harry Osborn (James Franco), por exemplo. Para quê a personagem ficar subitamente sem memória? Pra ganhar tempo. Pra utilizá-la quando o roteiro precisar. E James Franco se deu bem com o que deram nas mãos. Ainda bem. Mas depois, lá pelo final, a súbita virada da personagem... Discutível. Uma falinha só pode mudar o objetivo de um homem? E uma fala dada pelo mordomo? Tsc, tsc...


O Homem-Areia (Thomas Haden Church, de Sideways)? Dispensável, apesar de ser o efeito especial mais incrível do filme. Subtrama sem sentido... Para agradar fãs. Da parte feminina, Gwen Stacy (Bryce Dallas Howard), em participação desimportante, e Mary Jane (Kirsten Dunst), apesar da história dela ter sido pouco explorada. Mas as carinhas da Kirsten Dunst já me foram o suficiente nos dois filmes. Como disse a crítica da Time, é um filme de homens, dos sentimento dos homens. Mas ainda tem J. Jonah Jameson (J.K. Simmons), como sempre, o melhor apoio em termos de humor. Aparece pouco, pena...

Eis então que temos Venom. Tá bom, todo mundo já viu aquele trailer em que o Eddie Brock (Topher Grace, do That 70's Show) pega a gosma e... Bom, ele vai virar o Venom. Dispensável também, apesar de Grace também dar conta do recado. Mas o que importa é o que vem antes. Peter Parker (Tobey Maguire) tomado pela gosma negra, exacerbando seus traços malignos. Engraçado, legal, o lado negro da Força, a nossa natureza animal à flor da pele. Muito melhor. Se fosse só isso e o Duende "Filho" (o New Goblin, como falam por aí), com uma história decente, bem, aí sim... O filme traz a melhor parte, o que mais interessa, no conflito interno do Aranha.

Tudo bem, não é essa a história. Resta só assistir a esse mesmo. E a gente gosta. Os dois outros filmes deram conta do recado e o diretor Sam Raimi seguiu o seu rumo, com sua receita kitsch de fazer cinema, com enquadramentos nos figurantes que gritam, correm e aplaudem, nas câmeras lentas em quedas, no humor descarado dentro do drama melódico e nas mensagens moralistas espargidas em conselhos de vovós, digo, da Tia May (Rosemary Harris, também impecável). Cinema autoral em escala blockbuster, como disse Luiz Carlos Merten aqui, tirando uma bandeirinha americana aqui e acolá, sangue externado em planos americanos e retirado em closes (porque é um filme for family fun, right?) e sua recente fixação por musicais (assistam e entendam, heheheh...).

Gostei. Recomendo. Mas os outros são melhores. Neste, muitas subtramas pra desenvolver e acaba que quase nenhuma se desenvolve legal. Vale pelos efeitos, pelo Aranha, pela ação, pelo humor, pelo quase-desenvolvimento da história do lado negro do Aranha (ou então de seu flerte com a fama, com a celebridade). Mas, pelo menos, o final mostra aquilo que tinha que ser. Nada de "felizes para sempre". Mas um legal "a vida continua".

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Confira a crítica de Renato Silveira no Cinematório. Ele diz exatamente o que eu penso.

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