terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Quando Ridley Scott se esforça

É capaz de passar despercebido pelos cinemas, dada a leva de coisas dispensáveis do Oscar chegando. Mas, se puder, não dispensa a chance de assistir O Gângster, não. O filme é ótimo. Primeiro, porque é adulto... E você sabe como anda difícil encontrar filmes de gente grande hoje em dia, com idéias complexas e construção que não ofende o seu bom senso. E segundo porque é digno dos grandes policiais dos anos 70 (ave, Serpico).

Traz Ridley Scott no seu melhor (sério, você até o perdoa por Um Bom Ano, Falcão Negro em Perigo e Gladiador... esse último, talvez não), contando a história real de Frank Lucas (Denzel Washington), negro que desbancou a máfia italiana em Nova York nos anos 60 trazendo heroína pura direto do Vietnã (com a ajuda do exército norte-americano, aliás). O contraponto está no detetive Richie Roberts (Russell Crowe), que se torna chefe do departamento de investigações especiais e segue à caça de Lucas enquanto se depara com a máquina da corrupção policial da época.

O elenco coadjuvante é brilhante (Josh Brolin principalmente), e a direção de arte também. O ambiente setentista é recriado sem clichês, com a apropriação que só poderia ser feita por alguém que realmente se educou no cimena da década. Ao contrário do também ótimo Zodíaco, que mais emulava os filmes de então, este não abandona novas inventividades em favor do passado. É uma mistura muito boa dos filmes de investigação da época, mas com narrativa acelerada contemporânea.
É longo, com duas horas e meia, mas vale o tempo. Certo que o final acelera para passar por cima da prisão de Lucas e seu trabalho em conjunto com a polícia – o que desperdiça a chance de mais cenas de Denzel com Crowe – mas tudo bem, pois isso fortalece ainda mais o jogo individual até ali. Crowe, acredite, até parece um cara legal e suportável no filme. Agora, o Denzel, nem vale a pena desperdiçar palavras... Cada cena deixa você hipnotizado, enquanto ele faz o que bem entende. Digno de Pacino.

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