sexta-feira, 6 de julho de 2007

Ano bom

Cao Hamburger é um carinha legal. Ele fez Castelo Rá Tim Bum, poxa! Discípula de toda sua doçura e na qualidade que genuinamente imprime em seus trabalhos, aluguei O Ano que meus pais saíram de férias de peito aberto. Não é filme novo, mas é um daqueles que estavam na lista para serem assistidos ainda esse ano. Domingão à tarde, friozinho e cobertor, caíram perfeitamente bem com a história do menino Mauro (Michel Joelsas), que é deixado aos cuidados do avô Paulo Autran, um judeu barbeiro do Bom Retiro, enquanto seus pais saem de férias forçadas pela Ditadura. Maravilha seria se o velhinho não morresse e o garoto ficasse desabrigado antes mesmo de ter um teto.

Aí é que surge o herói. Um judeu sisudo e bravo, Shlomo (Germano Haiut), mas com o famigerado bom coração que os velhinhos de barba sempre tem. Talvez meu excesso de simpatia com o filme tenha alterado meu senso crítico nas partes mais bobinhas e quase sem inspiração do roteiro. O score final é : tudo correto, engraçadinho, e até nas partes mais dramáticas, ele chega no máximo a ser tristonho.

Chiribim Chiribom
Mas não se engane, não é um filme tolo. Não senhor! E tampouco é um filme sobre a ditadura (graças a deus, que parece ser um tema que empesteia o cinema brasileiro). A época é apenas o pano de fundo da história de uma criança a espera dos pais. Gosto das cenas de cotidiano, dele jogando futebol, do fusca azul que nunca chega, do peixe que ele se acostumou a comer, da Copa de 70 e os 90 milhões em ação.

Dispenso o ar dúbio da interpretação de Caio Blat e a frieza mórbida da Simone Spoladore, que como mãe, parece mais uma tia distante. Agora, convenhamos, o pernambucano Germano no papel de Shlomo, com um sotaque nordestino do cão, falando em iídiche é fantástico. De tirar o chapéu, ainda mais depois de saber que o ator é amador e que apesar de ligado ao teatro desde sempre, estava afastado do cinema desde Baile Perfumado, de 1997. Enfim, um filme de pequenos trunfos.

Um jogo de botões, onde você deve prestar atenção mesmo é na caixinha de fósforo que serve de goleiro.

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