sexta-feira, 29 de junho de 2007

Na Noite da Praça

Narrativas entremeadas, ação veloz, quatro pontos-de-vista, uma conclusão: a subjetividade é sempre a mais forte. Não importa como consigamos narrar um fato: ele vem daquilo que você depreendeu. Sempre. Contardo Calligaris diria melhor. É assim que Na Noite Da Praça, mais uma do projeto E Se Fez a Praça Roosevelt em 7 Dias, se configura. Dirigido por Luiz Valcazaras, o texto de Alberto Guzik pretende expôr esse olhar subjetivo da forma mais deliciosa que pôde encontrar - a comédia.

Uma garçonete (Marília Di Santis), um estilista (Álvaro Franco), um morador carrancudo (Rodrigo Fregnan) e um garoto de programa (Ricardo Corrêa) dividem o espaço cênico na tentativa de colocar na luz o que acham sobre um acontecimento: o estilista foi pego em flagrante na Praça Roosevelt com a boca em outro lugar - que não a botija - de um garoto de programa que, por acaso, é menor de idade. E os relatos vão se costurando rapidamente enquanto cada personagem defende o seu ponto-de-vista, olhando nos olhos do espectador. O mais gostoso é que a espontaneidade da interpretação permite que os atores joguem constantemente com a platéia. Houve um momento em que ri de uma reação do estilista e ele me devolveu um sorriso sincero que tinha tudo a ver com a piada. No olho, na hora.

Valcazaras transforma aquele amontoado de informações em um espetáculo quase musical, com direito a spots em momentos dramáticos, flashbacks, subidas em escadas, transformações de personagens, cantoria e, óbvio, um histrionismo hilariante. Os atores desfilam literalmente na passarela construída com a colocação de duas arquibancadas contrapostas. A coxia é exposta, os atores descontróem suas personagens à vista da platéia e envernizam a história cada vez mais. Por causa do elenco afinadíssimo também.

O texto de Guzik facilita, é verdade. Assim como O Amor Do Sim, é repleto de referências pertinentes àquele pedaço de terra teatral e junta as interpretações estereotipadas para montar um mosaico dessa praça, que reúne espetáculos tão diversos e teima, ainda bem, em dissertar sobre a diversidade, seja ela num momento dramático, seja ela em um momento cômico. E no cômico, olha, a gente rola de rir.

+
Blog de Alberto Guzik

Nenhum comentário: