sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Quem matou?

Eu não sei porque essa coisa de "quem matou Barbosa" funciona tanto nas novelas. É formuláico, antiqüado, repetido. Ficou velho por volta do octagésimo livro da Agatha Christie. Ainda assim, quando alguma novela tem a morte misteriosa de algum personagem (nunca protagonista, óbvio) começa essa busca incessante pelo culpado.

Eu não vejo paralelo. Nas histórias de Christie, ou mesmo nos filmes adolescentes tipo Pânico, a graça que prende a atenção é o suspense de, por não saber quem mata, não saber quem será o próximo a morrer, por qual razão e quando. Nas novelas brazucas, mata-se um, é o que vale pra criar a dúvida que se mantém até o fim.

Aliás, frisando, suspense e dúvida são coisas completamente diferentes.

Mesmo quando morrem vários, tipo A Próxima Vítima, os personagens despencam como peças de carne no frigorífico. Não há pistas reais ou um sentimento das mortes. Apenas o fim pra levantar novamente a pergunta fatídica. "Quem matou?".

Não sei quem descobriu a fórmula, muito menos quem descobriu que podia usá-la sem fazer o menor esforço e menos ainda quem decidiu começar a copiá-la à exaustão, mas o que me intriga mesmo é porque todo brasileiro age como se fosse um dever cívico tratar um assunto assim como relevante.

Cada vez que alguém fala, "ah, quem será que foi?", eu borbulho um pouquinho por dentro.

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