segunda-feira, 11 de junho de 2007

Um século, um mês

O fim do carnaval. Enfim, o hiato dos Los Hermanos se confirmou no último show na Fundição Progresso, no Rio, neste fim de semana. Os fãs devem ter chorado, urrado, lavado à alma. Pelo menos era assim que eu sempre saia dos shows da banda e olha que nem era o derradeiro.

Emocionadas são as lembranças do tecladista (ex, agora) Bruno Medina em seu blog Instante Posterior, que mantém no G1. Medina, rapaz sempre tão dado às letras, tenta transpor o que foi a última apresentação , mas acaba relembrando a trajetória da banda. Do começo ao fim.

E o engraçado é a identificação que causa. As fitas cassetes demo, desenhadas uma à uma, a luta para achar um xerox mais barato para imprimir os encartes, a delícia de conseguir tocar para mais do que 50 pessoas. Aquela coisa de começo de carreira, sabe? Do montar e desmontar dos equipamentos em tempo recorde, colocar tudo no carro e torcer para que na semana seguinte tenha mais público.

E o texto vem numa hora tão propícia, junta com o turbilhão de pequenas batalhas que o Teatro Insano está passando. Este fim de semana, por atrasos que independeram ao grupo, nossas apresentações foram bem agitadas. A correria para montar luz, cuidar da bilheteria, maquiar, alongar, montar palco, aquecer, mudar cena, cuidar dos pormenores que são sempre infinitos em dia de espetáculo. E era banco, com escada por cima, ator se aquecendo no meio, flores despedaçadas, chão sujo, fantasmas e nervosismo. E ainda por cima, estar inteiros no palco.

Invés de rezar, cantei: "como pode alguém sonhar / o que é impossível saber / não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer". E aí vem a epifania, quase programada: estar em cena é isso aí. Entramos desconcentrados sim, afinal não é fácil conseguir pensar em tudo, mas estávamos quentes, latentes. O espetáculo nos sorriu de volta e o jogo cênico aconteceu. O importante é se divertir.


"Uma vontade de olhar para o que passou e para o que ainda está por vir com igual peso". Assim Medina termina seu texto, otimista. Eles deixaram de carregar caixas, mas nunca se esqueceram do peso. De alguma maneira isso acalenta o nosso futuro, se nele um dia chegarmos. Por enquanto, ainda seguimos estourando músculos e arrastando caixotes nos teatros por aí. Será que um dia...?

2 comentários:

nina disse...

Lí a matéria publicada ontem na Folha Ilustrada e chorei. Lí seu post e chorei. É triste. E é verdadeiro.

As músicas que sempre cantávamos com a alma, passaremos a cantar com a alma e o coração apertado de saudade. Só não podemos deixar de cantar...

E quanto a sua correria com a peça, aguente firme. Vejo pela Kek o quanto é agradável e gostoso sentir essa correria passar quando chega segunda feira. Espero que você também se sinta assim pois acho lindo!

E sábado vou lá ver vocês. Vê se manda bem como ouvi dizer, hein?!

Abração!

Anônimo disse...

deixe eu decidir se é cedo ou tarde espera eu considerar........